Com mais de seis décadas à frente da Berkshire Hathaway, o bilionário deixa um legado que moldou o capitalismo moderno e revolucionou a forma como investidores encaram o mercado.
Por Redação | 06/05/2025 – 18h12
Warren Buffett, aos 94 anos, anunciou sua saída do comando da Berkshire Hathaway durante a aguardada reunião anual da empresa em Omaha, marcando o fim de uma era que redefiniu o investimento em valor. Em meio a aplausos emocionados, milhares de acionistas – muitos deles milionários graças ao próprio Buffett – prestaram homenagem a quem se tornou uma lenda viva do mercado financeiro.
Mais do que acumular uma fortuna de US$ 168 bilhões ou construir um conglomerado de mais de US$ 1 trilhão, Buffett popularizou um princípio simples, mas poderoso: investir em empresas de qualidade por preços justos e mantê-las por décadas. Sua abordagem longínqua contrastou com a especulação de curto prazo, transformando a paciência em uma vantagem competitiva.
Desde que assumiu a Berkshire em 1965, uma antiga fabricante de tecidos falida, Buffett a transformou em um império com 189 empresas, incluindo gigantes como a ferrovia BNSF e a seguradora Geico. Ele também se tornou o maior acionista de marcas como Coca-Cola, American Express e Apple – investimentos que renderam retornos históricos. Entre 1964 e 2024, as ações da Berkshire se valorizaram mais de 5.500.000%, contra 39.000% do S&P 500.
O segredo por trás desse desempenho? Uma disciplina rígida, leitura incansável de balanços e o uso estratégico do “float” – capital disponível das seguradoras antes de ser pago em indenizações – como combustível para aquisições e novos investimentos.
Figura carismática, Buffett conquistou não só Wall Street, mas o público em geral. Seus hábitos simples – como beber Cherry Coke e frequentar a Dairy Queen – contribuíram para sua imagem de bilionário “gente como a gente”. Ao mesmo tempo, ele não hesitava em criticar os excessos do mercado financeiro, chegando a classificar Wall Street como um “cassino”.
Além de investidor, Buffett também atuou como conselheiro informal de governos e ajudou a evitar o colapso financeiro em 2008, quando injetou bilhões na Goldman Sachs e General Electric. Seu apoio, porém, não saiu barato: exigiu juros de 10% como garantia.
O futuro da Berkshire está nas mãos de Gregory Abel, escolhido para sucedê-lo como CEO, com apoio dos gestores de investimento Todd Combs e Ted Weschler. Embora a estrutura da empresa esteja sólida, investidores reconhecem que será difícil replicar o brilho e a influência de Buffett.
“É o fim de uma era”, resumiu o gestor Bill Smead, refletindo o sentimento geral de que, mesmo com novos líderes, a essência da Berkshire pode mudar para sempre.